LAUDO. Paciente 59 anos. Acidente Vascular Cerebral isquêmico. Aberto a todos. 340


 

avc 59 anos a avc 59 anos b

 

 

 

NEUROVALE
ELETRENCEFALOGRAFIA DIGITAL E quantitativo
RUA PO
PAULO AFONSO MEDEIROS KANDA
NEUROFISIOLOGISTA CLÍNICO
ELETRENCEFALOGRAMA
DIGITAL E QUANTITATIVO

Informação do paciente
Nome do paciente:
ELI
Data de nascimento:
01/03/1956
Sexo:Feminino
N° de documento:
Idade:59 anos
Diagnóstico:
Endereço:
Telefone: Parâmetros de registro:
Nome do equipamento
Neuron-Spectrum-4/P
Frequência de amostragem2000 Hz
Nome das montagem: monopolar 21 completa
Filtro de alta frequência: 0,3 Hz
Filtro de frequência baixa500,0 Hz
Filtro Notch: Desliga
Tempo total do exame:
00:18:55

25/05/2015

MÉDICO SOLICITANTE
ELETRENCEFALOGRAMA DIGITAL E QUANTITATIVO - RELATÓRIO

Exame realizado em condições técnicas satisfatórias em vigília. Atividade elétrica cerebral de base assimétrica com ritmos posteriores a 9,71 Hz a direita e 7,88 Hz a esquerda. Observamos surtos bilaterais e difusos de atividade delta polimórfica cujo predomínio projeta-se para região temporal média e posterior de hemisfério cerebral esquerdo. A abertura e fechamento ocular (afo) foi reativa com diminuição da atividade lenta logo após a afo. A prova da hiperventilação aumentou a frequências dos surtos lentos que se tornaram mais focais em região temporal esquerdo (nas montagens bipolares). A Foto estimulação mostrou reatividade com discreta melhora da atividade de fundo (aumento da quantidade de ritmos mais rápidos). A análise quantitativa do espectro de potências confirma os achados à inspeção visual.
Conclusão: EEG digital e quantitativo em vigília e sob foto-estimulação mostra surtos difusos de atividade delta, porém com predomínio em região temporal esquerda.
Taubaté, 2015
Paulo Afonso Medeiros Kanda
neurofisiologista crm 54378 SP

 

Correlação eletroclínica:

Considerações gerais para interpretação do EEG:
O principal papel do eletroencefalograma (EEG) é a avaliação de distúrbios funcionais causados por doença cerebrovascular, principalmente a detecção de focos epileptogênicos. A hiperventilação pode ativar anomalias latentes no EEG das doenças cerebrovasculares. É, provavelmente, o efeito hipóxico da hiperventilação que produz essas mudanças. Esta ativação pode dar origem a surtos lentos focais no EEG em casos de doença de moyamoya (não é o caso deste (a) paciente). Kraaier investigaram mudanças induzidas pelo hiperventilação com EEG quantitativo e considerou este método útil para identificar isquemia transitória em indivíduos normais.

Fonte: Kraaier V, Van Huffelen AC, Wieneke GH. Changes in quantitative EEG and blood flow velocity due to standardized hyperventilation. A model for transient ischemia in normal subjects. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1988;70:377-387.

A causa mais comum de lesão isquêmica hemisférica doença aterosclerótica da artéria carótida interna ou artéria cerebral média. Atividade delta generalizada arrítmica ocorre ao longo do hemisfério envolvido, mais proeminente nas regiões temporais ou frontotemporais. Em pacientes com infartos hemisféricos menores, o EEG do hemisfério não envolvido geralmente permanece normal.

Ritmo alfa ipsilateral pode estar ausente ou ter baixa amplitude e ser mais lento e a sua reatividade pode diminuir ou desaparecer. Atividade rolândica beta e fusos de sono também pode desaparecer. Infartos extensos podem diminuir acentuadamente ou "suprimir" atividade eletrocerebral, sobre o hemisfério afetado, durante os primeiros dias.
Nos infartos menores, o EEG do hemisfério não envolvido geralmente permanece normal. Com infartos extensos com edema cerebral e deslocamento de estruturas da linha média, graus variáveis de atividade lenta aparecem no hemisfério contra-lateral, muitas vezes com atividade delta (IRDA) bilateral intermitente rítmica 2 a 3 por segundo. Estes surtos delta podem predominar na região frontal (FIRDA, frontal atividade delta rítmica intermitente). Em crianças, esta atividade delta rítmica pode ser mais acentuada nos eletrodos cocipitais (OIRDA, atividade delta rítmica occipital intermitente).
Lentificação do EEG difusa, de alta amplitude dificulta a localização da lesão isquêmica. Infartos maciços causando supressão ipsilateral dos ritmos e atividade lenta de alta amplitude, contra-lateral, pode levar a lateralização errônea.
Com infartos hemisféricos agudos, particularmente embólico, atividade epileptiforme ocorre comumente e tende a ser periódicas (descargas epileptiformes lateralizadas periódicas - PLEDs).  PLEDs  geralmente desaparecem em 1-2 semanas do evento.

fonte: Niedermeyer 2011 Electroencephalography Basic Principles, Clinical Applications, and Related Fields, 6th Edition.

Considerações sobre o(a) paciente:
Trata-se de paciente com quadro de hemiparesia direita e afasia, de correntes de lesão vascular cerebral hemisférica esquerda. Evento vascular ocorrido há...dias. Paciente foi encaminhada para avaliação funcional da atividade elétrica cerebral e afastar quadro ictal associado. Não foram evidenciadas descargas epilépticas. Atividade de base assimétrica com ritmo dominante abaixo de 8 Hz a esquerda mostra anormalidade funcional hemisférica esquerda. Surtos lentos difusos sugerem comprometimento difuso bilateral ou pelo menos talâmico esquerdo com difusão da atividade lenta.

 

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