DESCARGA GENERALIZADA ATIVIDADE DE BASE E FUNDO NORMAL. MODELO DE LAUDO. 001


 

 

NEUROVALE
LABORATÓRIO DE NEUROFISIOLOGIA & ELETRENCEFALOGRAFIA
RUA PORTUGAL , 131. (12) 3632-0956 TAUBATÉ - SÃO PAULO.
Whatsapp: 12 9 92518084
LAUDO
Patient data:

Nome: LUCASTdF
Data de nascimento: 11/06/1991
Gênero: Masculino
Idade: 28 anos
Duração do Exame: 00:24:21
Data do exame: sexta-feira, 9 de agosto de 2019 Parâmetros de aquisição:

Equipamento: Neuron-Spectrum-4/P
Taxa de amostragem: 1000 Hz
Montagem: REFERENCIAL COMPLETA COM EXTRAS
Filtro passa baixa: 0,5 Hz
Filtro passa alta: 35,0 Hz
Filtro de incisura: Liga
Solicitante: DR(a) PAULO KANDA

ELETRENCEFALOGRAMA DIGITAL E QUANTITATIVO - RELATÓRIO

Exame realizado em condições técnicas satisfatórias, em vigília. A atividade elétrica cerebral de base é regular, organizada e simétrica com ritmos posteriores a 9-10 Hz. Observamos presença de descarga generalizada ponta-onda (DGPO) 3-4 Hz bilateraL, simétrica e única. As DGPO são muitas vezes de maior amplitude nas regiões centrais (GDPO de início ou amplitude maior nas regiões posteriores poderia indicar pior prognóstico)1. As descargas ocorreram em apenas 1 episódio de menos de 1 segundo.

Conclusão: EEG realizado em vigília mostra salva única de descargas epileptogênicas tipo DGPO difusas bilaterais. Quadro sugestivo de Epilepsia Generalizada Idiopática.

Paulo AM Kanda
neurofisiologista crm 54.378.SP
NEUROVALE
LABORATÓRIO DE NEUROFISIOLOGIA E ELETRENCEFALOGRAFIA
RUA PORTUGAL , 131. (12) 3632-0956 TAUBATÉ - SÃO PAULO.
PAULO AFONSO MEDEIROS KANDA - NEUROFISIOLOGISTA CLÍNICO

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Nome: LUCASTdF
Data do exame: sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Prezado (a) DR(a) PAULO KANDA

Correlação Eletroclínica:

Trata-se de paciente com história de ..... Atualmente apresenta ...... Descargas epileptiformes não são contínuas. Anamnese: Sugere-se interrogar o paciente a respeito de sustos, choques, como que soluços (crise mioclônica) logo pela manhã, depois que já se levantou (até 1-2h após o despertar). Estas crises aparecem na frequente epilepsia mioclônica juvenil. Caso a paciente não apresente este quadro, e persista a dúvida diagnóstica, EEG pós privação de sono pode facilitar eventos paroxísticos. Alternativamente pode-se repetir o exame em algums meses.
Questionar a paciente e familiares sobre ausências rápidas.

A International League Against Epilepsy (ILAE ) definiu EGI como: "epilepsias generalizadas idiopáticas são formas de epilepsias generalizadas em que todas as crises são inicialmente generalizadas (ausências, mioclonias e crises tônico-clônicas generalizadas). O EEG é síncrono e apresenta descarga generalizada bilateral e simétrica. O paciente é normal no período intercrítico. O EEG interictal mostra atividade de fundo normal com paroxismos de descargas generalizadas tipo ponta, poliponta-ondas e ponta-ondas 3 Hz. As descargas são mais frequentes em sono N-REM. As diversas síndromes de epilepsias generalizadas idiopáticas diferem principalmente na idade de início. A etiologia não pode ser encontrada, apenas, predisposição genética2.

EGIs constituem cerca de 1/3 todas as epilepsias3. Elas afetam pessoas que nos outros aspectos da existência são normais, de ambos os gêneros e todas as etnias. EGIs se apresenta com ausências típicas, mioclonias e crises generalizadas tônico-clônicas (CGTC), isoladamente ou em diferentes combinações e gravidade. Status epilepticus de ausência (SEA) é comum. A maioria das síndromes de IGE inicia-se na infância ou adolescência, mas algumas têm início na vida adulta. Elas podem persistir durante toda a vida, embora algumas formas sejam correlacionadas com a idade. O EEG é o teste mais sensível no diagnóstico e confirmação da EGI. Principais tipos de síndromes: epilepsia ausência infantil, epilepsia ausência juvenil, epilepsia mioclônica juvenil, epilepsias com crises tônico-clônico generalizadas ao despertar4.

Pode existir foco nas EGI:
A descarga generalizada ponta-onda do EEG na EGI ausência típica é descrito como como simétrica e síncrona, nem sempre ocorri isto. Comumente, a descarga começa com pontas –onda lentas únicas ou múltiplas que são assimétricas e, geralmente, têm um início regional, principalmente frontal. Muitas vezes (mas nem sempre), há uma ênfase em um hemisfério. Início unilateral da DGPOI pode ser confundido com sincronia bilateral secundária. O fim da descarga pode ser abrupta ou é constituído por breves ondas lentas rítmicas ou irregulares. Às vezes a DGPO pode ocorrer de modo frustro ou fragmentário como ponta focal mais frequentemente registrada nas regiões anteriores, mas outras localidades também são comuns.
Na epilepsia mioclônica Juvenil, o EEG em pacientes não tratados é geralmente anormal, com descargas generalizadas por pontas-onda de 3-6 Hz ou polipontas-ondas lentas, com fragmentações e frequencia instável intradescarga. Um terço dos pacientes têm respostas fotoparoxística. Anormalidades focais são registradas em aproximadamente um terço dos pacientes5. Estas se manifestam como pontas focais individuais, complexos ponta-ondas ou ondas lentas focais.

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RUA PORTUGAL , 131. (12) 3632-0956 TAUBATÉ - SÃO PAULO.
PAULO AFONSO MEDEIROS KANDA - NEUROFISIOLOGISTA CLÍNICO
Nome: LUCASTdF
Data do exame: sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Prezado (a) DR(a) PAULO KANDA

Comentários adicionais:
O EEG das EGI mostra descargas generalizadas por pontas,polipontas ou pontas/polipontas ondas ictais ou interictais. Estas descargas são muitas vezes precipitadas pela hiperventilação, privação do sono e fotostimulação intermitente. Manifestações clínicas discretas tornam-se aparentes em vídeo EEG e com contagem de respiração durante a hiperventilação. O EEG geralmente é anormal em pacientes não tratados. Em casos suspeitos, se o EEG em vigília for normal, deve-se indicar um EEG durante o sono e despertar. Análises de genética molecular conduziram às descobertas importantes para a identificação de genes candidatos e loci6, mutações genéticas são comuns nas subunidades do receptor do ácido γ-aminobutírico sugerindo participação do receptor GABA A7.

Atenção no tratamento das EGIs :
A maioria das EGIs respondem bem às drogas anti-epilépticas (DAE) adequadas, mas o tratamento é muitas vezes para toda a vida. A literatura refere que quase 50% dos pacientes com EGI é medicado com drogas erradas8 devido ao desconhecimento do quadro. Este alerta é muito importante. Assim, medicamentos anti-epilépticos (DAE) benéficos em epilepsias focais podem ser deletérios em IGEs9. A eficácia das DAE é diferente dentro das síndromes de IGE.

DAE contra-indicadas : carbamazepina, fenitoína e oxcarbazepina (embora possam controlar principalmente GTCS se adicionadas a medicamentos de primeira linha) , gabapentina (ineficaz principalmente em GTCS e pode exacerbar ausências e mioclonias), tiagabina e vigabatrina (drogas pró-ausência com alta risco de induzir SEA).

1. CP P. Benign childhood partial seizures and related epileptic syndromes. London: John Libbey & Company Ltd, 1999.
2. Proposal for revised classification of epilepsies and epileptic syndromes. Commission on Classification and Terminology of the International League Against Epilepsy. Epilepsia 1989;30:389-399.
3. Panayiotopoulos CP. Idiopathic generalized epilepsies: a review and modern approach. Epilepsia 2005;46 Suppl 9:1-6.
4. Betting LE, Guerreiro CAM. Tratamento das epilepsias generalizadas idiopáticas. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology 2008;14:20-24.
5. Aliberti V, Grunewald RA, Panayiotopoulos CP, Chroni E. Focal electroencephalographic abnormalities in juvenile myoclonic epilepsy. Epilepsia 1994;35:297-301.
6. Crunelli V, Leresche N. Childhood absence epilepsy: genes, channels, neurons and networks. Nature reviews Neuroscience 2002;3:371-382.
7. Gourfinkel-An I, Baulac S, Nabbout R, et al. Monogenic idiopathic epilepsies. The Lancet Neurology 2004;3:209-218.
8. Benbadis SR, Tatum WOt, Gieron M. Idiopathic generalized epilepsy and choice of antiepileptic drugs. Neurology 2003;61:1793-1795.
9. Manning JP, Richards DA, Bowery NG. Pharmacology of absence epilepsy. Trends in pharmacological sciences 2003;24:542-549.